Sexualidade e Câncer: Sim, Ainda É Sobre Vida, Prazer e Autocuidado

Emiliano Macedo
4 Min Read

Receber o diagnóstico de câncer, especialmente o de mama, transforma tudo: o corpo, as emoções, a rotina, e muitas vezes, a forma como a mulher se vê. Em meio ao turbilhão de tratamentos e adaptações, a sexualidade pode parecer algo distante. Mas ela continua ali , viva, possível, apenas em uma nova fase.


Falar sobre prazer, autoestima e saúde íntima durante ou após o câncer não é vaidade, é autocuidado. Como afirma a sexóloga Stephanie Seitz, isso também faz parte da cura.


Neste Outubro Rosa, além de reforçar a importância da prevenção, é tempo de lembrar: o corpo muda, sim, mas continua sendo seu. E ele merece respeito, acolhimento e prazer.
 
Por que falar de sexualidade durante o tratamento?

Durante o tratamento oncológico, especialmente com quimioterapia, radioterapia ou hormonioterapia, é comum surgir:

• Ressecamento vaginal
• Queda da libido
• Dor durante o sexo
• Alterações na imagem corporal
• Medo de não ser mais “desejável”
Tudo isso é real e não deve ser ignorado.

Como lembra Stephanie, “sexualidade não é só sobre sexo. É sobre se sentir viva, conectada ao próprio corpo, mesmo nos dias difíceis”.
Dicas da sexóloga Stephanie Seitz para cuidar da saúde íntima e autoestima na jornada oncológica


 1. Ressecamento vaginal? Lubrificação é autocuidado
O uso de lubrificantes à base de água e hidratantes vaginais é essencial. Produtos com ácido hialurônico, como hidratantes vaginais específicos, ajudam a manter o conforto nas mucosas íntimas. Fale com seu ginecologista para encontrar o ideal para seu caso.
Dica da Stephanie: “Não espere sentir dor para buscar ajuda. O desconforto não deve ser normalizado”


 2. Redescubra o toque,  mesmo que seja só seu
O corpo muda, mas o prazer pode (e deve) continuar. Toques suaves, massagens e vibradores delicados (como os que estimulam com ar ou vibrações leves) são ótimas formas de se reconectar com a sexualidade. A autoexploração ajuda a recuperar a confiança no corpo.
“Prazer não é sobre performar,  é sobre sentir. Mesmo em outras intensidades”, reforça Stephanie.


 3. Converse com seu(s) parceiro(s)
O diálogo é peça-chave. Muitas mulheres sentem vergonha ou medo de “não serem mais as mesmas”, mas parceiros amorosos estarão abertos ao cuidado e ao acolhimento. Falar sobre limites, inseguranças e desejos ajuda a fortalecer o vínculo.


 4. Terapia sexual pode ser sua aliada
Se a autoestima ou o desejo sexual mudaram muito, buscar uma sexóloga ou terapeuta sexual especializada pode ajudar. O suporte emocional é tão importante quanto o físico nesse processo.


 5. Seja gentil com você mesma
Você não precisa se “sentir sexy” o tempo todo, nem voltar a um padrão antigo. O corpo que passou por um tratamento é forte, sábio e merece ser olhado com carinho. Vista algo que te faça bem, pratique o autocuidado e celebre cada pequena reconexão com seu prazer e bem-estar.


 Outubro Rosa é sobre vida e prazer também é parte disso
A campanha Outubro Rosa fala sobre diagnóstico precoce, prevenção e tratamento. Mas também é o momento de lembrar que viver com e após o câncer é mais do que sobreviver:  é ter qualidade de vida, saúde íntima, e amor-próprio.


Stephanie Seitz reforça:
“Não deixe que o câncer silencie sua sexualidade. Ela pode renascer com você,  no seu tempo, do seu jeito”, diz a especialista em saúde sexual.


 Se você está em tratamento oncológico ou é uma sobrevivente:

• Consulte ginecologistas especializados em saúde da mulher oncológica
• Peça indicação de lubrificantes e hidratantes vaginais
• Experimente vibradores delicados e silenciosos
• Não tenha vergonha de buscar terapia sexual
• Lembre-se: seu corpo merece prazer, mesmo com cicatrizes
 

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